A Teosofia no Século XXI
Bruno Carlucci
Num documento para a fundação da Seção Esotérica, hoje publicamente acessível em inglês (e em português) internet afora, Blavatsky, em sua tentativa de abrir uma porta para estudantes mais seriamente comprometidos com os ideais e o estudo da teosofia, esclarece o seguinte:
"Nenhum Mestre de Sabedoria do Oriente aparecerá ou enviará qualquer emissário à Europa ou América após esse período [31 de dezembro de 1899]...até o ano de 1975. Tal é a Lei pois estamos no Kali Yuga - a Idade Negra - e as limitações deste ciclo, o primeiro cujos 5000 anos terminarão em 1897 são grandes e quase insuperáveis." (Blavatsky em seu memorando preliminar à Seção Esotérica. Trechos de tradução publicada pelo Círculo Blavatsky [CIBLA], Ano 01, 02, 1988).
Nas cartas dos Mahatmas fica bem claro que Blavatsky era o ponto de contato deles com a Sociedade Teosófica e que após a sua morte, membros da Sociedade Teosófica (ou qualquer outra instituição) não teriam mais as facilidades de acesso a eles que (alguns) tiveram por meio de suas cartas.
A base do ensinamento a ser disseminado pela Sociedade Teosófica são as obras escritas e editadas sob os auspícios desses Mahatmas. Obras, que embora não sejam perfeitas, pois seus escritores e editores, tais como Blavatsky (a mais avançada dentre eles e o ponto real de conexão dos Mestres com o restante da Sociedade, uma verdadeira Iniciada) não tinham a mesma estatura espiritual deles, ainda assim são o que de mais profundo há nessa literatura. Esta é a base para o pensamento teosófico moderno, os preceitos e princípios que expõem o norte da Religião-Sabedoria, seus ensinamentos fundamentais, as leis fundamentais e a ética necessária para quem aspira à senda gradual que leva à Sabedoria.
Isso não significa se fechar num dogmatismo que ignora contribuições posteriores e importantes de muitos autores teosóficos que se mantiveram coerentes com a literatura original, nem ignorar tradições anteriores, fundadas por indivíduos de estatura espiritual ainda mais elevada que a da fundadora da Sociedade e citadas por ela e seus Mestres. Pois nunca foi o propósito que a Teosofia se encarcerasse numa igreja, num culto, nem que a Sociedade Teosófica (ou qualquer outro grupo teosófico) se apresentasse como o único caminho possível, mas que servisse de ponte para investigar e auxiliar no estudo das várias tradições que estão ligadas à Religião-Sabedoria. O propósito é que a teosofia seja mais uma vela, dentre outras velas, em meio a um mundo dominado pelas trevas do materialismo.
Se houve um esforço dos Mahatmas após 1975, provavelmente foi por outros caminhos, em outras roupagens, de acordo com o que a humanidade precisava durante a transição do século XX para o XXI e, também, do que era mais viável e mais adequado para o momento. Porém, isso não anula o bem que o estudo da teosofia e que grupos teosóficos comprometidos com esse estudo ainda possam fazer (e fazem) para as pessoas.
Aspirar aos degraus da escada de ouro e meditar sobre eles, aliado ao estudo cuidadoso da literatura original e das tradições por ela citadas, é uma boa prática a ser buscada por cada um, seja em sua busca individual ou em grupo, que almeja se conectar com a teosofia. Pois embora instituições, grupos, textos, tradições se percam com os movimentos da história, a Religião-Sabedoria é sempre a mesma e suas regras e preceitos nunca mudam:
1. Vida limpa.
2. Mente aberta.
3. Coração puro.
4. Intelecto ardente.
5. Clara percepção espiritual.
6. Afeto fraternal para com todos.
7. Presteza para dar e receber conselho e instrução.
8. Leal senso de dever para com o instrutor.
9. Pronta obediência aos preceitos da Verdade.
10. Corajoso suportar das injustiças pessoais.
11. Destemida declaração de princípios.
12. Valente defesa daqueles que são injustamente atacados.
13. Mira constante no ideal de progresso e perfeição humanos.
(Tradução de A Escada de Ouro publicada pelo Círculo Blavatsky [CIBLA], Ano 01, 02, 1988).
Parabéns pelo seu texto, sou um buscador dos ensinamentos transcendentais, obrigado.
ResponderExcluirObrigado!
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