O Vazio é Cheio
Bruno Carlucci
A perspectiva do vazio (śūnyatā) não é um vácuo, mas é interdependência.,
O vazio (śūnya) não é uma vacuidade, mas uma ausência de separatividade.
O vazio não é negação da realidade relativa, daquilo que é superficialmente ou aparentemente separado, mas a compreensão de que essa separatividade não é essencial, não é a natureza-própria (svabhāva) das coisas.
O vazio é cheio.
"A interdependência ou o surgimento-dependente significa falta de separatividade. O vazio significa falta de separatividade. Vazio não significa que nada exista." - Candrakirti (Comentário ao Caminho do Meio/Madhyamakavatara).
Assim ensina a Madhyamaka.
Chandrakirti (séc. VII, Índia)Assim acrescenta a Grande Madhyamaka, Yogācāra-Madhyamaka:
O Vazio último é vazio de outro, porque todos os fenômenos são vazios de si.
Todos os fenômenos são interdependentes porque a Natureza Última é vazia de outro.
É o elemento quitessencial, o Dharmadhātu.
É O Espaço primordial em que surgem os fenômenos.
É O Círculo do Tempo Incondicionado.
Vazio Incondicionado. Plenitude Absoluta.
O Grande Vazio (Shentong) é Cheio porque não há outro senão Ele.
É a Plenitude Suprema.
É Natureza-Buddha.
É a Base Universal prístina (Ālaya).
É a Natureza Última, o Númeno (Dharmatā).
É Bodhicitta.
É ĀdiBuddha.
"Portanto, a Realidade Última de todos os sūtras e tantras profundos, que cuidadosamente apresentam Tathatā e daí por diante, é o Vazio de Outro, nunca o vazio de natureza própria." (Dölpopa Sherab Gyaltsen, O Quarto Concílio).