segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O Vazio é cheio

O Vazio é Cheio

Bruno Carlucci



A perspectiva do vazio (śūnyatā) não é um vácuo, mas é interdependência.,

O vazio (śūnya) não é uma vacuidade, mas uma ausência de separatividade. 

O vazio não é negação da realidade relativa, daquilo que é superficialmente ou aparentemente separado, mas a compreensão de que essa separatividade não é essencial, não é a natureza-própria (svabhāva) das coisas. 

O vazio é cheio. 

"A interdependência ou o surgimento-dependente significa falta de separatividade. O vazio significa falta de separatividade. Vazio não significa que nada exista."  - Candrakirti (Comentário ao Caminho do Meio/Madhyamakavatara). 

Assim ensina a Madhyamaka.

Chandrakirti
                            Chandrakirti (séc. VII, Índia)

Assim acrescenta a Grande Madhyamaka, Yogācāra-Madhyamaka:

O Vazio último é vazio de outro, porque todos os fenômenos são vazios de si. 

Todos os fenômenos são interdependentes porque a Natureza Última é vazia de outro. 

É o elemento quitessencial, o Dharmadhātu. 

É O Espaço primordial em que surgem os fenômenos. 

É O Círculo do Tempo Incondicionado. 

Vazio Incondicionado. Plenitude Absoluta.

O Grande Vazio (Shentong) é Cheio porque não há outro senão Ele. 

É a Plenitude Suprema. 

É Natureza-Buddha.

É a Base Universal prístina (Ālaya).

É a Natureza Última, o Númeno (Dharmatā).

É Bodhicitta.

É ĀdiBuddha. 

"Portanto, a Realidade Última de todos os sūtras e tantras profundos, que cuidadosamente apresentam Tathatā e daí por diante, é o Vazio de Outro, nunca o vazio de natureza própria." (Dölpopa Sherab Gyaltsen, O Quarto Concílio). 

Dölpopa Sherab Gytalsen (1292-1361, Tibete)



Um comentário:

  1. Ficar pensando sobre o Vazio que não é vazio, mas sim o próprio pleroma, Alaya, Adi,Ally ou Alá me causa perturbação mental, acho melhor mergulhar direto...

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