quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Apolônio de Tiana - Parte I

Apolônio de Tiana

H.P.Blavatsky

Em A History of The Christian Religion To The Year Two Hundred, de Charles B. Waite, A.M., anunciado e analisado no periódico The Banner of Light (Boston), encontramos trechos da obra que trata de Apolônio de Tiana, o grande taumaturgo do segundo século A.D.*, jamais rivalizado por outro no Império Romano.

"Apolônio de Tiana foi o personagem mais impressionante daquele período... antes de seu nascimento, Proteus, um deus egípcio, apareceu ante a mãe de Apolônio e anunciou que ele encarnaria como o seu filho." 

Essa é uma lenda que, em tempos passados, fazia de todo personagem extraordinário um "filho de Deus", milagrosamente nascido de uma virgem. E assim segue a história.  
Apolônio de Tiana 
"Em sua juventude, Apolônio era famoso por sua beleza, seus poderes mentais e a sua vida ascética. Quando próximo dos cem anos de idade, foi levado ao Imperador de Roma, acusado de ser um "encantador", foi aprisionado de onde desapareceria, sendo encontrado no mesmo dia por seus amigos em Puteoli, a uma distância de três dias de Roma." (pp.90-92).

Alguns escritores tentaram tornar Apolônio um personagem lendário, enquanto cristãos zelosos insistiriam em chamá-lo de impostor. Se a existência de Jesus de Nazará fosse tão bem atestada pela história e ele tivesse sido tão bem conhecido por escritores clássicos como Apolônio, nenhum dos céticos atuais poderia duvidar da existência do filho de Maria e José.

Apolônio de Tiana foi amigo e correspondente de uma Imperatriz romana e de vários imperadores, enquanto que sobre Jesus pouco restou nas páginas da história, como se a sua vida tivesse sido escrita nas areias do deserto. A sua carta para Abgarus, o príncipe de Edessa, cuja autenticidade é outorgada apenas por Eusébio - o Barão de Munchausen da hierarquia patrística - é chamada em A View of the Evidences of Christianity, "uma tentativa de fraude" até mesmo pelo teólogo Paley, cuja fé aceita as história mais incrédulas. Apolônio, portanto, é um personagem histórico, enquanto que muitos dos dos "pais apostólicos", quando investigados sob o olhar da crítica histórica, começam a dissipar-se e a desaparecer como o fogo fátuo.

Publicado originalmente em The Theosophist, Vol. II, No. 9, June, 1881, pp. 188-189.
*N.T. (nota do tradutor): GRS Mead em suas pesquisas evidencia que Apolônio teria vivido no século I AD.   
GRS Mead, Secretário de Blavatsky, esceveu a obra Apolônio de Tiana: Sábio, Profeta e Renovador dos Mistérios (ed. Teosófica), baseando-se em diferentes relatos, como o de Filóstrato, resgatando a importância desse personagem para estudiosos de teosofia, do cristianismo primitivo e das tradições de mistérios. Mead dedicou a vida ao estudo do hermetismo, do gnosticismo cristão antigo e de personagens importantes que de alguma forma contribuíram ou interagiram com os grupos e escolas dos primeiros cristãos. 
Assim como Blavatsky, em Ísis em Véu vol. III e nos artigos presentes no vol. 5 de A Doutrina Secreta, a obra de Mead foi precursora das descobertas de evangelhos apócrifos e de evidências de uma outra história do cristianismo no século XX, mostrando um outro Jesus, não um mártir da ortodoxia, mas um Mestre elevado. Logo posterior ao período de Jesus (que de acordo com as pesquisas de Mead teria sido no final do séc. I a.c.), Apolônio, também um Mestre elevado, um pitagórico, surge interagindo com diferentes escolas e personagens de sua época. 

Para mais informações sobre Mead e sua obra, clique aqui.

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